Um tribunal turco absolveu na terça-feira mais de 100 generais reformados do exército acusados pelo Presidente Recep Tayyip Erdogan de conspirar um golpe de Estado depois de terem assinado uma carta contra a possível retirada da Turquia da Convenção de Montreux, que regula a passagem pelo Estreito de Bósforo e Dardanelles.
O tribunal disse que todos eles foram absolvidos das acusações de «cometer um crime contra a segurança do Estado e a ordem constitucional» porque não há provas que sustentem as acusações, de acordo com a agência noticiosa estatal turca Anatolia.
A investigação foi lançada pelo Ministério Público a 4 de Abril de 2021, na sequência da publicação da carta, após o que, em Dezembro, procedeu à acusação de 103 pessoas e solicitou acusações que vão de três a doze anos de prisão. O próprio Erdogan salientou que o texto «contém indicações de um golpe de Estado».
A Convenção de Montreux, assinada em 1936, estabelece regras sobre a passagem de navios de guerra pelo Estreito de Bósforo e Dardanelles, que conduzem ao Mar Mediterrâneo. Contudo, Erdogan planeia construir um novo canal em Istambul para desviar o tráfego, levando os antigos almirantes a alertar para as possíveis consequências negativas de uma tal mudança.
«Não temos intenção nem procuramos por agora abandonar a Convenção de Montreux, mas no futuro existem outras opções e podemos reavaliar os termos da Convenção de Montreux», salientou Erdogan após a publicação da carta, na qual os signatários aproveitam a oportunidade para justificar o exército como defensor dos princípios constitucionais, sabendo que a Carta Magna estabelece a Turquia como um Estado laico, por oposição à orientação marcadamente religiosa que Erdogan está a introduzir em aspectos da vida quotidiana do país.
Fonte: (EUROPA PRESS)