O Presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador apelou ao Congresso do Peru para reconsiderar a possibilidade de permitir ao Presidente peruano Pedro Castillo viajar para o México depois de a Câmara Baixa se ter recusado a conceder-lhe autorização na semana passada.
Pediu a sua opinião sobre a recusa do Parlamento peruano em permitir ao presidente do país andino assistir à entrega ao Peru da Presidência ‘Pro Tempore’ da Aliança do Pacífico no México, López Obrador disse que foi «um acto de humilhação» e que não era a forma ou o modo como o Congresso se devia comportar.
«Espero que esta atitude mude, porque isso seria outra opção, que lhe concedam permissão e que realizemos a reunião no México (…) Isso poderia ser outra opção, que a questão seja tratada de novo – digo isto com respeito – no Congresso peruano e com grande responsabilidade seja resolvida», disse o presidente mexicano numa conferência de imprensa conjunta com o seu homólogo chileno, Gabriel Boric.
López Obrador salientou a impossibilidade de entregar a batuta da Aliança do Pacífico ao Peru, que é agora presidida pelo México, se o chefe de Estado peruano não puder participar na reunião, assegurando que o parlamento peruano respeitou «um acordo institucional, de Estado, de nações».
«Creio que esta não é a forma, não é a forma de se comportar com um governo. É participar num acto de humilhação e não somos cúmplices daqueles que se querem impor através da política, a dignidade deve estar acima de tudo», acrescentou o líder mexicano.
«Como vamos ter uma Aliança do Pacífico no México sem o Presidente do Peru! É como dizer: O espectáculo deve continuar, ou não nos interessa, não nos diz respeito, e que ele deve participar por videoconferência. Não, não podemos aceitar isso. É muita arrogância não dar permissão a um presidente legalmente constituído para participar numa reunião formal noutro país, onde vai receber a presidência da aliança de vários países do Pacífico», acrescentou.
Neste sentido, López Obrador observou que não se trata de uma questão de políticos ou governantes, mas dos povos dos países que compõem a Aliança do Pacífico.
Também manifestou a sua convicção de que era do interesse dos «nossos irmãos peruanos» melhorar as relações com o México, Chile e Colômbia, bem como com todos os países do continente e do mundo.
«Seria censurado no México se não fosse a um convite que tem a ver com o desenvolvimento do país, com os benefícios para o povo do México, simplesmente por causa de interesses políticos ou ideológicos», reiterou o presidente mexicano.
Os presidentes do México e do Chile reuniram-se esta quarta-feira na Cidade do México após a suspensão da cimeira da Aliança do Pacífico – prevista para esta semana na mesma cidade – devido à ausência do presidente peruano, Pedro Castillo, depois de o Parlamento Andino lhe ter recusado a permissão de viajar.
Segundo o artigo 102 da Constituição peruana, o Congresso tem entre os seus poderes «autorizar o Presidente da República a deixar o país», razão pela qual Castillo tem de pedir autorização sempre que quiser viajar para fora do país.
O governo de Castillo pronunciou-se contra as resoluções parlamentares, pois consideram que sempre que o presidente é proibido de participar numa reunião internacional, não é o presidente que é prejudicado, «mas sim a política externa e humanitária que procuramos reforçar através da cooperação».