O Movimento 23 de Março (M23) anunciou terça-feira que está pronto a retirar-se dos combates no leste da República Democrática do Congo (RDC) e pediu para se reunir com as autoridades, no meio de tensões acrescidas entre a RDC e o Ruanda, que é suspeito de financiar o grupo armado.
O grupo rebelde anunciou na terça-feira as suas intenções de se retirar dos territórios ocupados e manter o cessar-fogo numa declaração, pouco depois de o governo ruandês ter criticado a posição «errada e mal orientada» da comunidade internacional sobre o conflito.
O anúncio do M23 também vem depois das autoridades da RDC terem esta semana aumentado o número de mortos para 272 após um massacre em Kishishe, na província oriental do Kivu do Norte, pelo qual o grupo rebelde negou qualquer responsabilidade.
Numa reunião cimeira realizada em Luanda, capital de Angola, no mês passado para avançar no sentido da normalização das relações diplomáticas, a RDC e o Ruanda concordaram com um cessar-fogo, bem como com a retirada da M23 das áreas recentemente conquistadas pelo grupo rebelde na província do Kivu Norte.
As relações entre a RDC e o Ruanda têm sido tensas desde o afluxo maciço de hutus ruandeses ao leste da RDC acusados de massacrar tutsis durante o genocídio ruandês de 1994.
As tensões aumentaram novamente em Maio, quando o governo congolês convocou o embaixador ruandês para denunciar o alegado apoio do país à M23, algo rejeitado por Kigali, que por seu lado afirma que Kinshasa apoia as Forças Democráticas para a Libertação do Ruanda (FDLR) na realização de ataques no Ruanda.
O M23 é acusado desde Novembro de 2021 de realizar ataques contra posições do exército no Kivu do Norte, apesar de as autoridades congolesas e o M23 terem assinado um acordo de paz em Dezembro de 2013 na sequência de combates desde 2012 com o exército, que foi apoiado pelas tropas da ONU. Peritos da ONU acusaram o Uganda e o Ruanda de apoiarem os rebeldes, embora ambos os países o tenham negado.