O director-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, solicitou uma pena de prisão para Anderson Torres, antigo Ministro da Justiça e Secretário de Segurança do Distrito Federal de Brasília, durante a apreensão da sede do Congresso, do palácio presidencial e do Supremo Tribunal Federal por apoiantes do antigo Presidente Jair Bolsonaro, alegando um crime de omissão do dever.
Rodrigues baseia o seu pedido num relatório dos serviços de informação da Polícia Federal que aponta para um possível crime de omissão por parte das autoridades locais, apesar de «informações que tinham sido avisadas dos próximos acontecimentos» durante dias.
A petição inclui a prisão de Torres e também do comandante da Polícia Militar do Distrito Federal, Fábio Augusto Vieira, pela sua atitude em relação aos «extensos níveis de violência que causaram graves danos a bens e instituições públicas».
«Tudo graças à omissão do sistema de Segurança Pública do Distrito Federal e em particular do Secretário de Estado da Segurança Pública do Distrito Federal e do Comando da Polícia Militar do Distrito Federal, que não adoptaram as medidas necessárias para conter os criminosos», afirma o documento assinado por Rodrigues.
No dia anterior ao ataque bolonarista, a Polícia Federal tinha informado o Ministério da Justiça e as autoridades de D.F. da intenção dos manifestantes de entrar na sede oficial, de acordo com o documento revelado pelo jornal «O Globo».
O advogado de defesa de Torres, Rodrigo Roca, criticou o «revanchismo» das autoridades e argumentou que a omissão «não é sequer algo que possa ser considerado neste caso em particular».
O texto da Polícia Federal sublinha que «os registos das imagens mostram a Polícia Militar do Distrito Federal a escoltar os manifestantes na direcção da cúpula das três potências». A última barreira que bloqueou o acesso à Praça dos Três Poderes era também constituída pela polícia militar convencional e não pela polícia civil de choque, razão pela qual foi «facilmente» ultrapassada pelos manifestantes.
O relatório também inclui mensagens retiradas de grupos de aplicação de mensagens relacionadas com a chamada. «Tudo pago: água, café, almoço, comida, telhado, casas de banho. Estará tudo no campo. Por favor, ajude-nos a obter patriotas», leia uma das mensagens.
O mandado de captura do Juiz Alexandre de Moraes baseia-se no pedido da polícia e assegura que existe «uma possível organização criminosa que tem como um dos seus objectivos a desestabilização das instituições republicanas».
Por outro lado, a polícia prendeu um indivíduo em Boa Vista, Roraima, pelo crime de incitamento à violência contra o Presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva. O suspeito afixou uma nota sobre a visita de Lula a Roraima este sábado que «seria altura de lhe enfiar uma bala na cabeça». A Polícia Federal entregará o detido, que foi detido na sexta-feira à noite, ao sistema judicial.
Lula visita Roraima este sábado para oferecer o seu apoio aos índios Yanomami afectados por uma crise de saúde e casos de desnutrição. O Ministério da Saúde decretou estado de emergência. Cerca de 570 indígenas morreram nos últimos quatro anos devido a doenças tratáveis e contaminação por mercúrio.
Fonte: (EUROPA PRESS)