
As autoridades indianas invadiram os escritórios da BBC em Mumbai e Nova Deli na terça-feira após a emissão de um controverso documentário crítico do Primeiro Ministro Narendra Modi, que o governo bloqueou de ser exibido.
Vários funcionários do canal indicaram que dezenas de funcionários fiscais se deslocaram aos escritórios para efectuar uma busca e apreenderam telefones e documentos de vários jornalistas. Também isolaram a área.
Representantes do governo disseram aos meios de comunicação social que as buscas faziam parte de uma investigação sobre a alegada evasão fiscal relacionada com as operações comerciais da BBC.
A própria BBC confirmou as rusgas e disse que estava a cooperar com as autoridades. Numa declaração, afirmava que «espera que a situação seja resolvida o mais rapidamente possível».
As rusgas vêm depois de a rede ter transmitido o documentário «India: The Modi Question», que se concentra nos motins de Gujarat em 2022, onde quase mil muçulmanos foram mortos.
Modi tem sido repetidamente acusado de cumplicidade nos tumultos ocorridos depois de 59 peregrinos hindus terem sido mortos num incêndio num comboio de passagem pela cidade de Godhra. Isto levou a severas represálias que duraram vários dias contra a minoria muçulmana na região, que foi acusada pelo incidente.
As estimativas mais conservadoras situam o número de mortos em pouco mais de 1.000, a maioria dos quais muçulmanos. Mais de 200 estavam desaparecidos e outros 2.500 ficaram feridos. Uma comissão posterior criada pelo governo de Gujarat afirmou que o incêndio foi fogo posto e que um tribunal condenou 31 pessoas, todas muçulmanas, por envolvimento na queima do comboio.
No final de Janeiro, as autoridades indianas recorreram à «legislação de emergência» ao abrigo da tecnologia e regulamentos de informação numa tentativa de vetar o documentário, que não foi transmitido no país, mas que inicialmente estava disponível para visualização na Internet.
Fonte: (EUROPA PRESS)