O Juiz do Supremo Tribunal Alexandre de Moraes apelou ao Presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva na terça-feira para implementar medidas de combate ao discurso do ódio e à violência nas redes sociais. O que não se pode fazer no mundo real, não se pode fazer no mundo virtual», disse ele.
Precisamos de determinar de uma vez por todas que o que não se pode fazer no mundo real, não se pode fazer no mundo virtual. Para mim, Presidente Lula, um artigo na lei, para ser regulamentado pelo Congresso, seria suficiente. O que não pode ser feito no mundo real não pode ser feito no mundo virtual, é simples», insistiu ele.
O pedido do também presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) teve lugar durante uma reunião com diferentes representantes estatais para abordar os últimos ataques nas escolas do país, relata ‘O Globo’.
As redes sociais não estão na terra de ninguém, é terra sem lei, precisamos de regulamentar isso (…) Se não houver regras com certos modelos a seguir, continuaremos a assistir a esta instrumentalização das redes sociais para encorajar ataques nas escolas, mas mais do que isso, um aumento do número de suicídios e casos de depressão devido a ataques a redes», disse ele.
De Moraes deu o exemplo de algumas empresas de redes sociais, que utilizam moderadores e inteligência artificial para remover conteúdos que consideram prejudiciais, e propôs que estas mesmas ferramentas fossem utilizadas para combater o discurso racista, homofóbico, fascista e antidemocrático.
Outro participante na reunião, o Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, também falou nesse sentido, citando a investigação do caso Fake News realizada pelo próprio De Moraes, em relação aos ataques à democracia e ao sistema eleitoral brasileiro às redes sociais.
Durante o seu discurso, Lula lamentou que a segurança nas escolas tenha sido seriamente afectada por grupos criminosos, que utilizam redes sociais para encorajar este tipo de acção, e o seu governo já prometeu um investimento de 3 mil milhões de reais (mais de 550 milhões de euros) para o reforçar.
Contudo, salientou que não transformarão as escolas brasileiras em «prisões de segurança máxima», porque não só «não é uma solução», mas também porque «não há dinheiro para isso, nem é política e socialmente correcto».
Se tentarmos fazer isso, estamos a demonstrar que não somos bons para muito porque não sabemos como resolver o verdadeiro problema», disse o presidente brasileiro, que pediu a colaboração dos pais nesta matéria.
É necessário ter em conta que sem a participação dos pais, um processo educativo correcto não pode ser recuperado. Não vamos resolver este problema com dinheiro, levantando as paredes das escolas, colocando detectores de metais», disse Lula, que considera que seria «triste» que todos chegassem ao ponto em que as crianças têm de ser revistadas nos portões da escola.
Lula disse que a violência na sala de aula é um «novo fenómeno», uma vez que sempre se assumiu que era um lugar «seguro» para deixar as crianças. Isso desabou», disse ele, em parte devido aos meios de comunicação social, «um instrumento esmagador» nas mãos erradas.
REDE SOCIAL REMOÇÃO DE PERFILES ENCONTRADOS EM ESCOLAS Por seu lado, o Ministro da Justiça Flávio Dino informou na terça-feira que pelo menos 756 perfis de redes sociais foram removidos nos últimos dez dias por incentivar ataques nas escolas, como o que ocorreu há algumas semanas num jardim-de-infância no município de Blumenau, no qual quatro crianças foram mortas.
Dino disse que pediu às plataformas de comunicação social que preservassem o conteúdo de pelo menos uma centena destes perfis, a fim de apoiar as investigações em curso, que até agora resultaram em mais de 200 detenções e quase 700 intimações para testemunhar.
Fonte: (EUROPA PRESS)