
Representantes da magistratura, do Conselho Nacional de Justiça, da Controladoria-Geral da República e da Provedoria de Justiça instaram o Presidente do Peru, Pedro Castillo, no domingo, a convocar urgentemente as instituições, a fim de se chegar a um consenso entre elas.
Os chefes destas instituições – Elvia Barrios, Henry Ávila, Nelson Shack e Eliana Revollar – reuniram-se este domingo no Palácio da Justiça para adoptar acções que garantam a governação democrática da nação, baseadas no diálogo interinstitucional e no quadro da Constituição Pública», de acordo com uma carta do Poder Judiciário.
O presidente do país, Pedro Castillo, e o presidente do Congresso, José Williams, foram convidados para o Conselho de Estado por Barrios. Contudo, na sua ausência, a magistratura, que se reuniu no domingo, emitiu uma declaração em que apelava a Castillo para promover um espaço de diálogo.
«Exortamos o Presidente da República a convocar urgentemente todos os poderes do Estado e órgãos constitucionalmente autónomos para promover um espaço de diálogo para alcançar consensos e acordos mínimos para restaurar a estabilidade e a paz social, no quadro do respeito irrestrito pelo Estado de direito democrático e pela actual ordem constitucional», lê-se no texto, segundo a agência noticiosa Andina.
No documento, os quatro funcionários públicos das referidas instituições judiciais expressaram a sua preocupação com a crise política que o país enfrenta, reiterando ao mesmo tempo o seu empenho na defesa do sistema democrático e no diálogo.
Assim, os signatários salientaram que é imperativo fazer os esforços necessários para alcançar uma solução para a crise, advogando a união dos cidadãos em defesa da democracia.
«A democracia foi construída com os esforços de todos, para que as autoridades democraticamente eleitas exerçam o poder para o bem comum, pondo de lado qualquer interesse particular», acrescenta o comunicado.
Na sequência do apelo para esta sessão, o Ministério Público informou que a Procuradora-Geral, Patricia Benavides, não participaria na sessão, argumentando que é responsável pelas investigações contra o Presidente, pelo que a sua participação no Conselho de Estado «não seria apropriada».
Posteriormente, na manhã de domingo, o Congresso anunciou que Williams não participaria na reunião do Conselho de Estado porque iria exigir «coordenação prévia» para reunir as propostas de cada uma das bancadas parlamentares, de acordo com a estação de rádio RPP.
No entanto, o governo não confirmou a participação da Castillo ou de qualquer representante governamental. O gabinete da Presidência informou que o diálogo prometido só teria lugar através de organizações da sociedade civil.
Barrios convocou Castillo e Williams após o presidente ter renovado o Conselho de Ministros na sequência de uma perda de confiança por parte da Câmara dos Representantes.
A recusa do Congresso em apoiar a proposta do agora ex-Primeiro-Ministro Aníbal Torres de reformar a lei sobre as convocatórias para o referendo, com a qual o executivo procurou revogar a Lei 31399, regra que desde o início de 2022 tem impedido a convocação de um voto popular, levou à renovação do grupo de ministros.